1. Fábio Henrique Prado de Toledo* 
         "Uma mãe contou-me, certa vez, que se reuniu com o marido, já tarde da noite, para tratar de um problema com o filho: o garoto não obedece. Depois de uns minutos de conversa e, sem nenhuma conclusão, o pai disse: mas não há muito que se preocupar, faltam apenas dez dias de férias. Com a volta às aulas, quem sabe a escola dá um jeito nele...”.
          O problema proposto e a forma com que se buscou a solução nos permitem fazer uma indagação: a quem cabe a responsabilidade pela educação dos filhos, aos pais ou à escola?
          O Estatuto da Criança e do Adolescente, muito sabiamente, consagra em seu artigo 19 que toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família. E digo que é sábia essa norma porque penso que os pais são os principais educadores de seus filhos. E isso é assim porque existe uma relação natural entre paternidade e educação. A paternidade consiste em transmitir a vida a um novo ser. A educação é ajudar a cada filho a crescer como pessoa, o que implica em proporcionar-lhes meios para adquirir e desenvolver as virtudes, tais como a sinceridade, a generosidade, a obediência, dentre muitas outras.
          Os filhos nascem e se educam em uma família concreta. A família é uma atmosfera que a pessoa necessita para respirar. Entre seus membros costuma haver laços de afeto incondicionais que fazem um ambiente propício para que a educação se desenvolva. Nesse sentido, é ela essencial para a formação da pessoa. Os valores que se cultuam no lar irão marcar de forma indelével o homem e a mulher da amanhã.
          Mas se a função primordial na educação cabe aos pais, o que compete à escola? Ou, mais ainda, como essa pode ajudar os pais na educação dos filhos?
          É natural que os pais deleguem algumas funções educativas à escola, como  por exemplo, o ensino das várias disciplinas apropriadas a cada faixa etária, mas daí não se pode concluir que possam abandonar essas funções delegadas. Aliás, somente se delega aquilo que é próprio. E em sendo delegada tal atribuição, cabe aos pais acompanhar como está sendo desempenhada. Um ponto essencial nessa relação entre os pais e a escola é cuidar para que haja coerência entre a educação que se desenvolve no colégio e o que os pais ensinam em casa.
          Essa consideração de que os pais ocupam lugar de primazia na educação dos filhos não coloca a escola num segundo plano na função educativa. Pelo contrário, as instituições que proporcionam a educação formal para que o processo educativo se complete de maneira integral.
          Ser pai e mãe hoje implica em ser profissional da educação, cuidar de seus filhos para que cresçam como cidadãos conhecedores de seus direitos e cumpridores de seus deveres. Diante disso, a escola, como colaboradora da família, deve estar preparada para dar formação aos pais, auxiliando-os com conhecimentos técnicos e com um acompanhamento personalizado nessa difícil tarefa de educar.
          Em vários países há instituições de ensino que têm adotado um programa que consiste em manter contatos periódicos entre os pais e os professores. E isso ocorre não apenas quando o filho quebra a vidraça do colégio, mas mesmo que não haja nenhum problema aparente. Trata-se de reconhecer o que há de bom em cada aluno e, a partir disso, traçar um plano pessoal de melhora, com atuações concretas a serem implementadas em casa e na escola. Os resultados têm sido bem interessantes.
          Para isso é necessário, porém, que se admita a importância dos pais na educação, e que a escola, colaboradora desses, os ensinem a educar, atuando ambos coerentemente em uma mesma direção.

    * Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Articulista do Correio Popular de Campinas e de alguns outros jornais. Casado, é pai de 8 filhos. Disponível em: www.portaldafamilia.org



    PARA REFLETIR
    EU, COMO PAI .. EU, COMO MÃE  
    ESTOU CONTRIBUINDO PARA QUE MEU FILHO
     POSSA ENTENDER E RESPEITAR
    AS NORMAS DA ESCOLA?

    ·    Evito que ele falte sem motivo justo às aulas?
    ·    Dou-lhe condições de chegar à escola sem atrasos e evito saídas antecipadas sem necessidades?
    ·    Empenho-me para que seu uniforme esteja em condições de uso em todos os dias da semana e demostro-lhe importância de estar uniformizado?
    ·   Acompanho e cobro para que mantenha em dia as tarefas e os trabalhos propostos pela escola?
    ·   Consigo convencê-lo de que o uso do boné é proibido nas dependências da escola?
    ·   Peço-lhe para evitar o uso do telefone celular dentro da escola?
    ·   Atento-lhe para o fato de calçar tênis nos dias das aulas de Educação Física?
    ·   Verifico se ele está levando para a escola objetos que sejam destinados às aulas ou usando acessórios impróprios para sua idade?
    ·   Dou-lhe bons exemplos quanto à necessidade de se falar a verdade em qualquer circunstância?
    ·   Admito que ele possa errar e ensino-o a pedir desculpas quando suas ações não forem corretas?
    ·   Ensino-lhe que seus erros poderão trazer consequências, muitas vezes graves?
    ·   Educo-o, com palavras e ações, a respeitar o próximo e o ambiente escolar?

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